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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

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Depois de algum afastamento, aqui estou eu para entrar neste mundo das palavras. Não sou escritor, cometo erros, mas gosto de comunicar, embora a minha vida seja passada no silêncio. Gosto de observar, contar janelas, escadas. Um pequeno pormenor transforma-se numa historia. Lido com a vida e a morte, num mundo onde não há doenças, mas doentes. Cada caso é encarado como um livro.
Hoje fui chamado para ver um bebé. 7 meses. Quando isso acontece parece que o tempo para. Não consigo ouvir nada. É como se fosse um filme mudo. Vou pelos corredores do hospital, já é tarde, são 22h00. Ainda não sei qual é a doença. Começo a rezar, a pedir um milagre. Quando chego ao serviço sou informado pela enfermeira do quadro clínico. É grave trata-se de um caso degenerativo. O milagre transforma-se num pedido de força, pois a mãe natureza com toda a sua força, não permite tais acontecimentos. Quando chego ao quarto, vejo um menino lindo, que procura com todas as suas forças não deixar escapar uma única miligrama de oxigénio. Faço-lhe uma festa e começo a cantar-lhe a única canção que sei. Para meu espanto o menino sorriu e sorriu. Afinal houve um milagre, não houve saúde, mas uma grande paz. A mãe chorosa apenas me disse obrigado. Senhor Padre este foi o único momento em que o meu filho não sofreu. Esta canção que qualquer criança sabe foi a nossa oração.

Até breve

CM

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